segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Incentivos

Este post é baseado em um post do marginal revolution, que está linkado aí ao lado. Como se aplica demais a nós brasileiros, achei que valia a pena colocar aqui uma versão do mesmo.
Muita gente acredita que não faz diferença se gastamos 40% de nossa renda em saúde ou se entregamos esses 40% para o sistema de saúde público, na forma de impostos. A questão é que faz diferença, mesmo se assumirmos a hipótese absurda de que o governo irá gastar exatamente da forma como gastariamos.
Para mostrar isto, vamos supor que temos como saber exatamente como cada pessoa gasta sua renda anual. Sabendo isto, vamos taxar as pessoas em 100% e dar a elas exatamente o que teriam comprado com sua renda. Será que nada mudou? Quando taxamos em 100%, não há nenhum incentivo para trabalhar, ninguém trabalhará e nada será ofertado. Logo, tudo mudou.

domingo, fevereiro 27, 2005

Sobre a saudade, essa palavra suicida

Com a devida permissão, estou tentando musicar um poema de um grande amigo meu. Peço paciência comigo. Ainda é um esboço e eu sei que a letra merece um músico melhor.

Sobre a saudade, essa palavra suicida.

Introdução

E4M/7 Dm7/9
----0------0------0------0--------
-----2------2------6------6--------
------2------2--5---5--5---5------
---2------2----0-0----0-0---------
--2------2-------------------------
-0------0--------------------------



E4M/7 Dm7/9
Se tudo na vida ensina
E4M/7 Dm7/9
(e tudo na vida ensina)
E4M/7 Dm7/9
esse tempo que parece se dobrar
Am D
há de servir para pensar
Bm C7
no que ainda está por vir

E4M/7 Dm7/9
Se essa saudade se refletir
E4M/7 Dm7/9
em cores quentes na tua presença
E4M/7 Dm7/9
saberemos não haver diferença
Am D
entre o olhar que pede o beijo
Bm C7
e o deitar-se querendo o sonho

A5 D5 F5 G5
Sobre a saudade, essa palavra suicida

E4M/7 Dm7/9
Que se ainda sinto forte
E4M/7 Dm7/9
aquele abraço nem oeste, nem norte
E4M/7 Dm7/9
nem um passo a distância inexiste
Am D
entre aquilo que sentes
Bm C7
e a falta que faz de repente

A5 D5 F5 G5
Sobre a saudade, essa palavra suicida

E4M/7 Dm7/9
Esse ir e vir é vice-versa
E4M/7 Dm7/9
conversa pra boi dormir
E4M/7 Dm7/9
faço viagens em versos
E4M/7 Dm7/9
em diversos faço sorrir
E4M/7 Dm7/9
Se escrevi, sorri antes
Am D
que não invento diamantes
Bm C7
de nada que não vivi.

Arbo & Maciel

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Janeiro

Não houveram posts em janeiro.
O ano de 2004 foi demais para mim. Coisas aconteceram, outras deixaram de acontecer, expectativas, decepções, hurros e gritos de prazer e de raiva, tristezas, festas, trabalhos, anarquia, felicidades, estudos, angústias. Com isso, colapsei no começo do ano e fui parar em uma clínica psiquiátrica. No começo os remédios até que são legais, é um barato diferente, mas logo não te deixam fazer mais nada, nem pensar, te deixam letárgico, bobo.
Eles tinham remédios e médicos chatos, que sempre se acham melhores que nós (entendam "nós" como todos que não são médicos). Mas não tinham um papel e um lápis. Assim, o mês passou sem ser notado.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Uruguay

O carnaval é uma época em que todo o mundo tem a obrigação de fazer alguma coisa, se divertir e que, em geral, o povo de Porto Alegre migra para a praia. Uns, menos afortunados, pegam uma estrada lotada e demoram 3 horas para chegar a alguma praia do litoral gaúcho. Outros, preferem levar 8 horas para passar este feriado se enlouquecendo em uma das belíssimas praias de Santa Catarina. Ao discutir qual destas opções seria a mais interessante, eu e o Eric estávamos bastante desanimados com qualquer uma delas. Mas eis que ele comentou que uns amigos da Val iriam pegar o carro e se tocar para o Uruguai. Achei a idéia ducaralho! Botei pilha, eles curtiram e começamos a preparação. O tempo era curto, pouco mais de uma semana. Começamos a pesquisar sobre o país e logo nos deparamos com o primeiro problema: com qual carro iríamos. Carro 1 - meu fiesta: tinha como ponto forte o porta malas e o espaço interno; pontos fracos eram a falta de ar condicionado e o fato de estar no nome de mamãe. Precisávamos de uma autorização para atravessar a fronteira e, pasmem, teríamos que buscá-la na terra dos ventos. Carro 2 - o 206 do Eric: seu ponto forte é seu ar condicionado; seus pontos fracos o seu modestíssimo porta malas e o fato de estar alienado. Também necessitava de uma autorização, desta vez concedida pelo malvado e mesquinho homem de terno. Descobrimos que ele seria encontrado no Banco.

Como o tempo era curto, chegamos à conclusão que seria mais provável conseguir a anuência do senhor de terno do que enfrentar uma jornada rumo à terra dos ventos. Mas ele não era uma pessoa fácil. Primeiro que encontrá-lo não era tão fácil como parecia. Existem várias pessoas se fazendo passar pelo homem de terno, mas todas elas falharam quando eram incitadas a demonstrar seus poderes. Ao encontrar a moça de trás do balcão, descobri que paciência era a virtude necessária para conseguir o que queria. Dito e feito. Consegui a informação do paradeiro do homem de terno e rumei para lá.

Mesquinho como ele só, o homem de terno tentou nos dissuadir da empreitada. Nos contou sobre as hordas de puxadores de carro que haviam naquelas terras e dos carimbos mágicos necessários para conseguir a nossa autorização. Mas ele não contava com a nossa determinação. O trabalho em equipe foi valioso para que conseguíssemos cumprir todas as suas exigências e ele se deu por vencido e nos deu a sua permissão.

Agora era preparar as malas e botar o pé na estrada. Poder de persuasão e de compactação foi necessário para que conseguíssemos colocar toda a nossa bagagem no carro. E lá fomos nós. Apesar da grande distância que nos separava do país vizinho, a expectativa de ver os cangurus em seu habitat natural nos empolgava. No Brasil, descobrimos que precisávamos pagar pela permissão de usar as belas estradas que nos levavam ao sul. Continuamos a nossa jornada nos revezando na direção até que chegamos à reserva do Taim. A placa "Cuidado - Animais na Pista" não dava a idéia do que estava por vir. No começo, capivaras e pássaros à beira da pista. Jacarés apareceram em seguida. Mas a tensão bateu quando o elefante e o rinoceronte brigavam em plena pista! Apesar do tamanho, o rinoceronte contava com seu poderoso chifre e estava dando trabalho ao elefante. Este já sangrava, mas atacava furiosamente o rinoceronte. O tamanho venceu, e o rinoceronte foi derrubado banhado abaixo. Acreditem, apesar de aterrador devido à proximidade, foi uma bela cena. O incidente atrasou um pouco a viagem e deixou-nos assustados, mas estávamos perto. Retas intermináveis nos permitiam acelerar a vontade, tornando esta parte muito mais rápida.

Chegamos ao Chuí, fronteira de nosso país com o nosso destino, o Uruguai. Pretendíamos cruzá-la logo, mas havia uma estranha força que nos desviou de nosso caminho. Descobrimos que esta força atendia pelo nome de "Free-shop". Nos detivemos durante algum tempo, mas a fome nos fez recobrar a consciência e pegamos a estrada novamente. Logo tivemos que nos entender com os agentes de fronteira uruguaios. Ao darem-se conta que estávamos entrando para deixar nosso dinheiro com eles, nos liberaram a passagem sem grandes problemas. Pronto o Uruguai estava a nossa frente.

Continua...