segunda-feira, março 28, 2005

Quando estamos quase nos esquecendo da vida, a vida lembra da gente.

terça-feira, março 15, 2005

É devagar que continuo minha maçante tarefa, com a chuva que eu já não lembrava batendo no ar condicionado. Sem café e sozinho, mais ninguém comigo e sem café. O silêncio barulhento ajuda a pensar e o cigarro não faz mais falta, mesmo quando ela vai embora mais uma vez, como já foi tantas vezes que eu já não presto atenção, pois sei que é só a cabeça se perdendo entre duas desigualdades que passaram sem receberem o respeito devido. Atento para o detalhe que a atenção só se perde em pequenos flashes, gaps infinitesimais que não são captados pela consciência, são pensamentos que ocorrem mas ficam guardados em alguma estrutura cerebral que desconheço, mas que funciona como um baú que guarda aquelas recordações que só não foram jogadas fora por pena, mas que não devem nunca mais serem mexidas.
É por causa destes lampejos inconcientes, do cérebro insistindo em pensar em coisas que ele mesmo sabe que não devem ser pensadas, em coisas embaraçosas, que eu evito ficar sozinho. Tenho medo de ficar sozinho com a minha mente; ela aproveita quando ficamos a sós para me contar todas as verdades que eu tento esconder de mim. Quando mais alguém está conosco, ela se ocupa em prestar atenção, entender o que está acontecendo a nossa volta, e esquecendo-me um pouco.
Volto a minha tarefa, ainda em silêncio. Ainda sem café.